quarta-feira, 9 de março de 2011

Fogo


Faísca luminar da etérea chama
Que acendes nossa máquina vivente,
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:

A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.

Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E à maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.

O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio

Ar


Vivificante ar, pai da existência,
Assopro animador do Autor Divino,
Deste nosso subtil moto contino
Composto, onde um Deus pôs sua ciência!

Tu tens, ó ar, a excelsa preeminência
De ser exalação do bafo Trino,
Tu susténs, sem cair, o home a pino:
Sem ti tem sempre pronta a decadência.

Tu as ardentes febres lhe mitigas
Nesta, do mundo, trabalhosa lida,
Nestas da Terra (sem cessar) fadigas.

Tu és o sustentáculo da vida,
Porém, quando do corpo te desligas,
Lhe dás, com dor, eterna despedida.

Água


O líquido delgado e transparente
Com que o barro amassou o Autor sob'rano,
Da insigne construção do corpo humano,
Que temperas do home o fogo ardente!

Quando a chama se ateia em continente
Tu corres a sustar o nosso dano:
Tu desabafo és do mal tirano,
Que ataca o coração, soltando a enchente.

Quando tu pelos poros és filtrada,
Água que o fogo aquece, a calma fica
Da máquina acendida, refrescada.

Porém, quando o suor gela na bica,
Quando o frio te torna condensada,
Nossa queda final se verifica.

Terra


Ó Terra, amável mãe da Natureza!
Fecunda em produções de imensos entes,
Criadora das próvidas sementes
Que abastam toda a tua redondeza!

Teu amor sem igual, sem par fineza,
Teus maternais efeitos providentes
Dão vida aos seres todos existentes,
Dão brio, dão vigor, dão fortaleza.

Tu rasgas do teu corpo as grossas veias
E as cristalinas fontes de água pura
Tens, para a nossa sede, sempre cheias.

Tu, na vida e na morte, com ternura
Amas os filhos teus, tu te recreias
Em lhes dar, no teu seio, a sepultura.

A Voz da Tília


Diz-me a tília a cantar: "Eu sou sincera,
Eu sou isto que vês: o sonho, a graça,
Deu ao meu corpo, o vento, quando passa,
Este ar escultural de bayadera...

E de manhã o sol é uma cratera,
Uma serpente de oiro que me enlaça...
Trago nas mãos as mãos da Primavera...
E é para mim que em noites de desgraça

Toca o vento Mozart, triste e solene,
E à minha alma vibrante, posta a nu,
Diz a chuva sonetos de Verlaine..."

E, ao ver-me triste, a tília murmurou:
"Já fui um dia poeta como tu...
Ainda hás de ser tília como eu sou..."

sexta-feira, 19 de março de 2010

A ciência do Dragão (Conclusão)


A verdade é que todos os povos antigos tinham conhecimento dos movimentos e do poder das energias que fluem pelas Veias do Dragão, detectando-os em certos pontos focais, configurando uma verdadeira acupuntura efetuada no globo, através dos menires, dólmens, obeliscos, duns ,totens, pirâmides, etc., na maioria deles existindo a veneração às Madonas Negras, (Virgem das Rochas, Virgem da Pedra, Virgem da Penha, etc.), ou a outras representações das Senhoras das Águas e Fontes, porque se vinculam ao magnetismo terrestre, aos labirintos e às passagens secretas do Geon que levam à Água da Vida.

A ciência do Dragão (Segunda Parte)


E por que Dragão?

O dragão é um animal de fábula, mitológico, um símbolo da dualidade (dia e noite, luz e trevas, deus e o diabo), assim como outros animais mitológicos em várias culturas (o cão, a serpente, o tigre, o touro, o elefante, e outros mais).

Na cultura ocidental, pela dualidade, o dragão é representado como guardião de grandes tesouros ocultos da terra, mas também simboliza os defeitos psíquicos do homem, que necessitam ser extirpados, como nos casos dos mitos de S. Jorge, S. Miguel, Hércules, Indra, Apolo, e outros.

Trata-se da mesma dualidade representada, por exemplo, pela serpente: uma víbora que "enganou" Adão e Eva, e uma "fonte de sabedoria" segundo palavras dos evangelhos.


Mas em outras culturas, o dragão é um símbolo benéfico, como no caso da China e do Japão, que o representam como portador de uma influência divina, e também como um emblema de poder. No Oriente o imperador sentava-se no trono do dragão e os palácios eram construídos nos locais de confluência das energias do "céu e da terra".

Na mitologia céltica existe a figura do dragão voador , o qual além de ser o guardião de grandes tesouros, também o é dos nossos tesouros internos, das pedras preciosas também presentes em nosso íntimo: a pedra filosofal?

O dragão voador também está presente em outras culturas, tal como a serpente emplumada, símbolo do Divino Espírito que "se move no céu". Temos ainda, na cultura ocidental, o símbolo da Medicina, que é representado pela serpente, como no caduceu de Mercúrio e na serpente de bronze de Moisés.